Gnoseologia das ciências humanas e produção do conhecimento de inteligência

  • Henrique Geaquinto Herkenhoff
Palavras-chave: viés cognitivo; análise de Inteligência; falhas de Inteligência

Resumo

Este artigo analisa o impacto e as consequências dos vieses cognitivos no processo de produção de conhecimento da Atividade de Inteligência, principalmente, sob o entendimento de que a cognição implica dar significado ao que é percebido e integrá-lo em um todo oportuno e útil para decisão dos formuladores de política. Ao partir de contribuições recentes sobre o tema, perpassa pelas estratégias utilizadas para identificar e mitigar os efeitos dos vieses cognitivos e sua verdadeira eficácia no trabalho dos analistas de Inteligência, principalmente, sobre os produtos resultantes de seu esforço cognitivo. Aborda, mesmo sem extensão, a gnoseologia da ciência, a reivindicação de participação das “ciências” humanas e a contextualização dessas com a Atividade de Inteligência, e alcança aspectos dos processos consciente e inconsciente aplicados na produção do conhecimento de Inteligência e em seus propósitos. Discute estratégias para o gerenciamento de riscos da cognição humana e apresenta alternativas que podem fomentar o trabalho dos órgãos de Inteligência, principalmente, na atividade de análise das informações.

Referências

ALVES, Rubem. Filosofia da Ciência, 13. ed. São Paulo: ed. Brasiliense, 1990.

AMBROS, Christiano; LODETTI, Daniel. Vieses cognitivos na Atividade de Inteligência: conceitos, categorias e métodos de mitigação. Revista Brasileira de Inteligência. Brasília: Abin, n. 14, dez. 2019.

BARBER, Paul J.; LEGGE, David. Percepção e informação. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976.

BODNAR, John W. Warning analysis fir the information age: rethinking the intelligence process. Washington (DC) Joint Military Intelligence College, 2003.

CARMELLO, Eduardo. O poder da informação intuitiva. São Paulo: Ed. Gente, 2000.

CLAUSEWITZ, Carl von. Da guerra: a arte da estratégia. São Paulo: Tahyu, 2005.

CRAWFORD, Kate. The Hidden Biases in Big Data. Harvard Business Review. Disponível em: https://hbr.org/2013/04/the-hidden-biases-in-big-data. Acesso em: 7 jun. 2020.

CRAWFORD, Kate; CALO, Ryan. There is a blind spot in AI research. NATURE, vol. 538. 20 October 2016. Disponível em: https://www.microsoft.com/en-us/research/wpcontent/uploads/2017/10/538311a.pdf. Acesso em: 7 de jun. 2020.

DEMO, Pedro. Certeza da incerteza: ambivalências do conhecimento e da vida. Brasília, Ed. Plano, 2000.

DOWLING, Thomas. Failures of imagination: thoughts on the 9/11Comission Report, in Learning with professionals. Washington (DC): Joint Military Intelligence College, 2005.

FEARN, Nicholas. Aprendendo a filosofar em 25 lições. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

FERNANDEZ, Antonio M. Díaz (Director). Espionaje para políticos. Valencia: Tirant lo Blanch, 2016.

FREIRE-MAIA, Newton. A ciência por dentro. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1990.

GUNTHER, Max. Os axiomas de Zurique. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2013.

HEUER JUNIOR, Richards J. Psychology of intelligence analysis. Center for the Study in Intelligence. CIA, 1999. Disponível em: https://www.cia.gov/library. Acesso em: 30 set. 2018.

HOLT, Pat M. Secret Intelligence and public policy: A dilema of democracy. Washington (DC): CQ Press, 1994.

JUNG, Carl Gustav... (et al.) O Homem e seus símbolos. 17ª impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

LENTIN, Jean-Pierre. Penso, logo me engano: breve história do besteirol científico, 4. ed. São Paulo: Ática, 1997.

LOWENTHAL, Mark M. Intelligence. 6 ed. Washington (DC): Sage/CQPress, 2015.

MARTIN, Alain Paul. Harnessing the power of Intelligence, Counterintelligence & surprise events. Canada: Executive dot org, 2002.

MENEZES, Djacir. O problema da realidade objetiva. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro/MEC, 1971.

NIETZSCHE, Friedrich W. A gaia ciência. 3. ed. São Paulo: Hemus, 1981.

O’NEILL Catherine. Weapons of Math destruction: how big data increases inequality and threatens democracy. New York: Brodway Books, 2016.

PENNA, Antônio Gomes. Cognitivismo, consciência e comportamento político. São Paulo: Vértice, 1986.

PIAGET, Jean. Sabedoria e ilusões da filosofia, in A epistemologia genética [...]. São Paulo, Abril Cultural, 1978.

POPPER, Karl Raimund. A lógica da pesquisa científica. 2 ed. São Paulo: Cultrix, 2013a.

POPPER, Karl Raimund. Os dois problemas fundamentais da teoria do conhecimento. São Paulo, Ed. UNESP, 2013b.

ROSITO, Guilherme Augusto. Abordagem fenomenológica e metodologia de produção de conhecimentos, in Revista Brasileira de Inteligência. Brasília: Abin, v. 2, n. 3, set. 2006.

RUSSEL, Bertrand. A perspectiva científica. 3. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1969.

SCHULSKY, Abram N. Silent warfare: understanding de world of intelligence. Washignton (DC): Brassey’s US, 1991.

SINCLAIR, Robert S. Thinking and writing: cognitive science and Intelligence analysis. Washington (DC): Center for the Study of Intelligence, 2010.

TEIXEIRA, João Fernandes. Filosofia do Cérebro. São Paulo: Paulus, 2012.

TURNER, Michael A. Why secret Intelligence fails. Dulles (Virginia): Totomac Books, 2005.

VELASCO, Fernando; NAVARRO, Diego; ARCOS, Rubén (eds.) La Inteligência como disciplina científica. Madrid: Plaza y Valdes ed./Ministerio de Defensa, 2008.

VICENTINI, Max Rogério. Como percebemos o mundo que nos cerca? Bauru: EDUSC, 1999.

ZEGART, Amy B. Spying Blind: the CIA, the FBI and the origins of 9/11. Princeton/Oxford: Princeton Universty Press, 2007.
Publicado
2023-10-27
Como Citar
GEAQUINTO HERKENHOFF, H. Gnoseologia das ciências humanas e produção do conhecimento de inteligência. Revista Brasileira de Inteligência, n. 18, p. 229-244, 27 out. 2023.