A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA APLICADA AO COMBATE AO TRÁFICO DE MULHERES

Resumo

O tráfico de mulheres representa uma das mais graves violações aos direitos humanos. Trata-se de um fenômeno multifacetado que envolve questões como a globalização, a discriminação de gênero, de raça e de etnia, a escravidão, o crime organizado transnacional, a migração, bem como as desigualdades econômicas. Em razão da complexidade e da amplitude do tema, sua abordagem analítica deve transcender aspectos meramente criminológicos para considerar um amplo conjunto de referências históricas, geográficas, sociais e culturais.

O ambiente em que se efetiva o crime de tráfico de mulheres, por sua vez, é sempre oculto e sensível. A aproximação de locais como clubes, bordéis ou outros setores onde o tráfico pode ocorrer deve ser feita de forma velada, por profissionais especialmente capacitados em técnicas operacionais adequadas para esta finalidade.

A Atividade de Inteligência, neste contexto, representa um valioso instrumento de que dispõe o Estado para sobrepuja as camadas de dissimulação impostas pelas redes que exploram o tráfico de mulheres e assim revelar, de forma precisa, os elementos encobertos e suas implicações socioeconômicas.

A identificação de vínculos com episódios ocorridos em outros estados da federação, ou em outros países, a comparação de padrões, a determinação de tendências, o mapeamento de alvos, a definição do perfil das vítimas e a caracterização dos perpetradores, entre outros aspectos, representam conhecimentos valiosos que a atividade de inteligência aplicada ao tráfico de mulheres pode revelar e, assim, contribuir significativamente para a ação governamental e para o processo decisório decorrente.

Biografia do Autor

Daniel Almeida de Macedo

Oficial de Inteligência, Mestre em Direito Internacional pela Universidad de Chile e Doutorando em História Social pela USP.

Publicado
2015-05-01
Como Citar
MACEDO, D. A. DE. A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA APLICADA AO COMBATE AO TRÁFICO DE MULHERES. Revista Brasileira de Inteligência, n. 9, p. 91-106, 1 maio 2015.